1 - Quando escrevi este texto estava no corredor do Fórum da Comarca de Queluz/SP, em 01/10/2012. É uma Comarca com
um Juiz e um Promotor de Justiça, substitutos. Acredito que a cidade não tem 30
mil habitantes e estava borbulhando por conta da campanha eleitoral. A cidade está há 50 km do meu escritório.
Eu aguardava a chegada do Magistrado
que vinha de outra cidade. Pretendia despachar pessoalmente uma "exceção de pré
executividade" em execução tributária, com o objetivo de levantar a penhora em conta corrente
realizada em face de um dos devedores, nosso cliente, ex-sócio da pessoa
jurídica. O cliente aguardava um retorno no mesmo dia, pelo menos, da primeira impressão. Nessa situação, a questão que me chamou a atenção, entretanto, não é a jurídica em si, mas sim
a questão da pessoalidade na advocacia.
2 - Vou confessar, de início, uma reflexão que fiz. Nessas horas penso na importância de estar, eu mesmo, na
frente do Juiz para despachar tal petição e antes de entrar no carro dar um
retorno para o cliente, com a primeira impressão.
Teria o mesmo efeito se deixasse para
um advogado associado do escritório realizar tal ato? Até que ponto, com o crescimento do escritório, volume de serviços, etc., poderemos os sócios estar à frente de tudo? Como formar um time para agir de forma ordenada, sem perder a pessoalidade!?
Penso que um advogado vende um serviço de consultoria ou
para atuação contenciosa em processo judicial e com isso o cliente cria uma expectativa
legítima de que tal advogado e não outro estará conduzindo os trabalhos em
busca da solução pretendida. Olho nos olhos e aperto de mão ainda valorizam nossa profissão.
Não imagina o cliente outra coisa, quer o advogado que
contratou, com quem teve a experiência de trocar olhares, confidenciar o apreço
e em quem depositou confiança, sonhos e esperanças.
Isso significa, obviamente, uma qualidade importante para
o prestador de serviços, qual seja a pessoalidade. Trata-se de elemento
essencial à prestação de um serviço jurídico de qualidade.
3 - Contudo, tenho algumas reflexões ainda abertas, sem solução imediata, apenas ideias que flertam a solução, mas não tenho mesmo respostas.
E quando o escritório cresce retirando a possibilidade de
atender ou realizar pessoalmente aquele
ato em favor do cliente? O que fazer?
Primeira solução: ter uma boa equipe. Sintonizada com os valores e o perfil
de atendimento do escritório. Preparada do ponto de vista técnico jurídico. Ou
seja, pronta para lhe substituir naqueles casos em que a prioridade da
pessoalidade não se mostra a mais relevante.
Segunda solução: Mas, não sumir. Delegar de forma controlada as atividades
é fundamental. Ao contrário, assumir o andar da carruagem, fazendo uma ligação,
assinando o memorando com a equipe, respondendo o email do cliente,
informando-lhe sobre sua ausência. O serviço precisa manter a sua cara e a do
escritório e algumas atitudes serão fundamentais para que isso ocorra.
Terceira solução: uma saída é ter uma boa equipe de suporte interno. Para
pesquisas, redação de peças, desenho da linha de defesa, organização de
documentos, etc. Isso lhe dará tempo para manter a pessoalidade. Aquilo que o
cliente vê é muito importante e ele quer ver você! As atividades da equipe
treinada você orienta e depois fiscaliza, ao final faz uma revisão.
Em alguns casos você precisará da equipe para estar
com o cliente. Aqui a atenção é redobrada! Escolher, treinar, orientar e
acompanhar para que tudo esteja alinhado. O cliente precisa perceber esse valor
quando não for atendido por você.
E se você precisa da equipe alinhada para dar atendimento
ao cliente, deve estar atento à formação dessa equipe. Valorizar pessoas,
estagiários e advogados recém formados para treiná-los e alinhá-los ao perfil
de atendimento e capacidade técnica do escritório é fundamental.
Porém entenda que isso começa agora, enquanto você é ou
está num escritório pequeno. Depois, o desafio certamente será maior! Formar pessoas para atender os seus clientes sem
prejudicar a pessoalidade não se faz da noite para o dia. Não é possível deixar para resolver isso no momento da necessidade sob pena de comprometer a pessoalidade, gerar
descrédito e efetivamente perder o cliente!
Pense nisso! Valorize a pessoalidade e tenha uma boa
equipe em formação!
Grande abraço,
Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon @LuisFRChacon www.cmo.adv.br
Excelente abordagem, Chacon! A pessoalidade está na natureza da advocacia. Ocorre que a advocacia vem se segmentando nos ultimos tempos, e o modelo de negócio tem que acompanhar a necessidade do cliente, sempre. Não são todos os casos que a pessoalidade se torna essencial (como a advocacia de volume, por exemplo). Uma advocacia customizada dependerá do relacionamento. A advocacia especializada, do reconhecimento técnico que o advogado tem do cliente. E a advocacia científica, do estado da arte de criar soluções nunca vistas. Um novo mundo se abre e novas habilidades serão necessárias para cumprir a missão. Abraços, Lara Selem
ResponderExcluirCara Lara, obrigado pela participação! Que surpresa boa ler suas palavras por aqui! A advocacia está aquecida, mas a pessoalidade realmente continua a ser uma das forças mais importantes para o sucesso do escritório. Temos discutido e aplicado isso por aqui, estamos convencidos. Espero sempre contar com sua visita neste BLOG que se aventura a falar de temas que você domina com muita profundidade! Grande abraço,
ExcluirAs idéias do texto vem ao encontro de uma postura transparente com o cliente.
ResponderExcluirDesde o primeiro contato, esclarecer que o trabalho será em equipe ajudará o cliente a aceitar bem as outras figuras envolvidas no trabalho, como advogados associados.
Vamos pensando e fazendo a advogacia hoje!
Olá Chacon, gostei muito deste texto, me lembro de você falando em aula da importância da pessoalidade. Com certeza na situação que o cliente necessite de uma impressão real, para este retorno. É essencial que o advogado que com ele esteve, e firmou esta confiança continue mostrando a sua fidelidade e de esse retorno.
ResponderExcluirMas é claro que tendo uma equipe bem preparada e se confiando nos advogados e estagiários, em alguns casos poderão eles também estarem em sintonia com o cliente. Acho porém que necessário deixar claro para o cliente que tais estagiários e advogados estão tão bem preparados quanto o advogado que firmou o primeiro contato e fidelidade.
Necessário observar que em alguns casos somente o acompanhamento com uma certa distância não convém. Alguns clientes, mesmo com causas que sejam consideradas pequenas precisam de mais atenção, para alguns o que vale é o olho no olho.
Abraços, até mais.
Christiano Ricardo
Olá Chistiano, que bom! Fiquei muito feliz com seu comentário! Mostra que estamos todos no caminho certo! Conte sempre comigo, divulgue nosso BLOG e continue na linha do sucesso! Abraços,
ExcluirChacon