23 de dezembro de 2011

Aprovação no Exame da OAB: Persistir!

Caros leitores,

Todo lugar que se olha nesse momento é recheado de desejos de ótimo ano novo e de sucesso em 2012. Afinal, lendo uma dessas mensagens eu pensei: mas o que é o sucesso e como ele acontece para algumas pessoas e para outras não? A resposta ainda não veio, estive pensando sobre ela. Mas, de repente, lembrei que há uma bela reportagem da Revista Super Interessante denominada "sucesso". Um belíssimo texto que vale para qualquer pessoa, profissional ou estudante.

A foto abaixo foi tirada por mim. É uma apresentação de Ginástica Rítmica no Clube da minha cidade. Como essas meninas treinam e são dedicadas! Minha filha tem apenas 5 anos e participa do grupo. Percebo que o sucesso de cada apresentação é o resultado exato do que propõe essa reportagem. O sucesso não cai do céu, nem na apresentação artística, nem na vida profissional.



Todo mundo pode se tornar a última bolacha do pacote segundo a reportagem. Para isso basta ter: motivação, treino, auto controle e sorte. Essa é a fórmula do sucesso. Além disso é preciso administrar a persistência (quer fazer bem feito, então treine muito, faça muito e logo você dominará o assunto) e o fracasso (é preciso compreender que a derrota faz parte do processo de formação do sucesso).

Lembre-se:

SUCESSO = MOTIVAÇÃO, TREINO, AUTO CONTROLE E SORTE.

O FRACASSO É IMPORTANTE E É PRECISO PERSISTIR SEMPRE.

Olhando para o texto, relendo seu conteúdo, acabei me lembrando também que no próximo dia 26, depois do Natal, a OAB divulgará os resultados oficiais do V Exame de Ordem Unificado. Quantos sonhos depositados nesse exame! Pois bem! Nem todos passarão, é certeza. Para quem não passará (ou não passou, depende de quando você ler essa postagem) fica a dica!

Primeiro: persistência e fracasso, cair para levantar!

Muitos passam no primeiro exame da OAB que prestam. A maioria, não. Mas, é preciso reconhecer que esse fracasso deve ser seu aliado. Pense quando você aprendeu a andar de bicicleta. Não foi instantâneo, ao contrário, mesmo depois de ter aprendido a pedalar e a ter equilíbrio você continuou se aperfeiçoando! Essa é a fórmula mágica do fracasso: nos faz mais fortes e em constante aperfeiçoamento.

Para alguns o exame é inconstitucional. Para outros é injusto. Para outros é incoerente. Para outros é cheio de pegadinhas. Para outros nenhum advogado antigo conseguiria ser aprovado. Etc, etc. Mas, é o exame que está aí! E se você quer ser aprovado é preciso aprender com a queda, recuperar as energias e persistir!

Segundo: treinar, treinar, treinar!

Uma das facetas mais significativas no sucesso é o treino. Ele é responsável pelo sucesso da maioria das pessoas, inclusive, no Exame da OAB. São 5 anos na faculdade de Direito. Cada aula, cada dúvida, cada simulado, cada prova é um treino. Depois, estudos por fora e nos cursinhos, tudo isso é treino. Você já treinou hoje ou pelo menos já programou os treinos para o exame da OAB no próximo mês! Dê um passo, planeje seus estudos, coloque no papel, se organize! Sem treino e estudo não se passa no exame!

Terceiro: ter auto controle!

Além disso, é preciso também refletir acerca do auto controle: por que algumas pessoas trocam o prazer imediato pelo trabalho duro e outras não? A melhor dica é não cair na tentação! Tenha foco de verdade, não deixe seu pensamento se levar, mantenha sua programação de estudos e força! O que realmente é importante para quem pretende passar no Exame? Curtir a balada, jogar bola com os amigos ou ter mais foco nos estudos? O equilíbrio é sadio, mas a dedicação focada é essencial nesse momento, é uma fase.

Depois de montar seu plano de estudos concentre-se em realizá-lo. Não se deixe afastar do seu foco mais importante nesse momento! O alívio de ser aprovado no Exame da OAB é tamanho que te permitirá, depois, curtir muito tudo aquilo que te dá prazer e alegria! Agora, antes da aprovação, o trabalho duro é a receita!

Por fim, procure uma motivação!

Sua felicidade não pode se resumir a ser aprovado no Exame da OAB! Você vale mais que isso, seus sonhos estão mais alto! Lembre-se de ter em mente qual o futuro que você almeja! Sem sonhos e motivos maiores do que ser aprovado no Exame da OAB você certamente terá dificuldade de se dedicar de verdade. Pense! Depois de passar no Exame, o que você pretende?

Veja o que te aguarda lá na frente e perceba que o esforço para passar no Exame é necessário para suas realizações pessoais e profissionais! Que seja para esfregar o resultado na cara de alguém, que seja para ter um aumento salarial, que seja para iniciar uma bela carreira como advogado, qualquer que seja seu objetivo depois do Exame, concentre-se nele e se dedique!

Acho que é isso!

Cabeça erguida e bola pra frente! Se for plausível faça os recursos cabíveis. Porém, retome suas energias e força na peruca! O próximo Exame é dia 06 de fevereiro e dá tempo para estudar um bocado ainda! 2 horas por dia, 4 horas por dia, todo o sábado e domingo... veja qual é a sua melhor programação e dedique-se! Invista em você!

Grande abraço e até 2012


Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon www.cmo.adv.br

15 de dezembro de 2011

Carta de um professor de Direito aos alunos do 9º semestre em 2012




Caros leitores,

Ser advogado é um sonho de muitos. Ser um advogado bem sucedido é um sonho da maioria daqueles. Mas, ter uma “Ferrari” estacionada na garagem, pessoas trabalhando para você, uma caneta daquelas típicas de uma carreira bem sucedida, não acontece da noite para o dia.


Hoje fui chamado à reflexão sobre esse assunto. Os jovens estão cada vez mais imediatistas. Querem entrar numa Faculdade de Direito e, então, ser advogado! Não querem estudar sociologia, economia, quere decorar artigos e responder múltiplas escolhas para se sentirem prontos para a vida! Eles querem estar no 9º semestre, no começo do 5º ano, e já prestar a OAB de uma vez, ser advogado tão logo possam. Mas, meu amigo e professor Március Nahur me provocou. Esse texto é baseado na reflexão dele.


Será que esse aluno que presta o Exame da OAB faz uma análise, um exame de autoconsciência? Ele se pergunta se está mesmo preparado para o Exame antes de gastar as suas 200 pratas com a inscrição? Ele vai prestar o Exame convicto de que fez sua parte e está pronto para tal desafio? Ou é mais um “vai na onda”, “vai na sorte” ou imediatista a ponto de acreditar que a aprovação cai do céu?


Essas são questões importantes para o mercado da advocacia. Dia 5 de fevereiro haverá um novo Exame da OAB. Quantos estudantes de Direito, do 9º semestre ainda, prestarão a prova? Quantos bacharéis continuarão tentando sem ter estudado o suficiente para passar no Exame? E quantos estão realmente preparados para tal desafio? Pense no seu filho! Se ele se aventurasse a participar de um campeonato estadual de judô, sem treinar, e tivesse o risco de apanhar um pouco, você deixaria ele se arriscar? É bom senso.


Ora, o aluno de Direito precisa mesmo assumir que prestar o Exame é coisa séria e é preciso estar preparado. Se você não está preparado para saltar de um lugar para outro não faça isso, é possível se machucar! Se não está pronto para o Exame o aluno deve mesmo deixar que a situação se inverta, que isso se amadureça e ele possa pensar em outra data, em outra oportunidade. Afinal, há 3 exames por ano! Não saia por aí prestando qualquer um, prepare-se antes e preste o Exame certo, aquele que você sabe que irá passar!


Preparação para Exames da OAB e Concursos Públicos exige: preparo intelectual, preparo físico e preparo emocional. Você estudou? Você está habituado a realizar provas de longa duração, cansativas, com ventilador ao invés de ar condicionado das bibliotecas? Você está bem consigo mesmo, com sua família, com sua vida? Está confiante por ter estudado o suficiente? A confiança em si é a alma da preparação psicológica. E, quem não estudou o suficiente não pode se sentir confiante. É bom senso.


Cursinhos vendem sonhos, mas não entregam na maioria das vezes. Vendem ilusões, que não se materializam muitas vezes. É preciso ter bom senso. O melhor corpo docente do mundo também depende do aluno, senão não há resultado eficaz. É preciso reconhecer que a preparação para o Exame da OAB está tanto na mão da Faculdade quanto na mão do aluno, mas que a preparação depende e muito de um querer e realizar por parte do aluno.

Além disso é preciso ter certeza que a advocacia, para que seja bem sucedida, exigirá muito mais que questões de múltipla escolha e artigos do código cantados ou decorados, exigirá além de um conhecimento muito além dessas linhas, uma preciosidade que é da natureza: o tempo. Portanto, os imediatistas no Exame da OAB, mesmo quando passam, aprenderão que o tempo é a essência do sucesso.
Vai prestar o próximo Exame? Pense nisso tudo. Se vai prestar, vamos juntos!

E, não passando, não descanse. Vencer é consequência da luta. Lutar sempre, vencer às vezes e desistir nunca! Continue estudando e fazendo sua parte! Se você está no final do ano letivo de 2011, indo do 8º para o 9º semestre faça uma autoanálise. Só preste o próximo exame da OAB se você estiver realmente preparado. E, se essa for sua decisão, descanse um pouco e ponha-se a estudar em janeiro, pois se sua decisão é a luta, é muito importante estar preparado para a batalha! Não há vitória sem suor, treino, foco e um pouco de emoção ou até mesmo lágrimas!


Estamos do seu lado, qualquer que seja sua decisão!


Um grande abraço,


Professor Chacon



Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon www.cmo.adv.br

22 de novembro de 2011

Uma experiência na China

1 - Depois de um tempo cuidando do Curso de Direito do UNISAL Lorena SP e fazendo um curso sobre Gestão em duas universidades chinesas, estou de volta ao blog. Desculpa pela demora! Mas foi preciso organizar tudo de modo a fazer uma viagem tranquila, para um bom aprendizado.

Tenho participado de cursos de gestão universitária desde 2006. Iniciei com um curso de MBA em Gestão Universitária no UNISAL Lorena SP e participei de várias experiências internacionais. Em 2007 na Espanha, depois no México, nos EUA, na França e na Inglaterra. Agora em 2011 visitamos a China.

Essas iniciativas partiram do empreendedorismo do Professor Fábio Reis, um especialista em Ensino Superior (veja sobre essa iniciativa a reportagem da página 74 da edição de Novembro de 2011 da Revista Você S.A.: Direito de Lorena: diretor paulista que criou seu próprio jeito de fazer networking). Cada país é uma experiência diferente e muito forte para nosso aprendizado em gestão.

2 - Cada país tem uma contribuição própria para o aprendizado da gestão. Os chineses são dedicados, querem muito se tornar uma nação de destaque no cenário internacional e os resultados atuais demonstram que o caminho já existe. Na universidade que visitei em Hong Kong vi alunos na biblioteca mais concentrados e compenetrados do que vi na Inglaterra ou nos EUA. Além disso, como colônia inglesa, em HK eles são pontuais!

Pequim e Xangai guardam o tradicional e o moderno. HK é de todo uma cidade cosmopolita. Um país que cresce 10% ao ano tem o que nos ensinar. Na palestra com um professor indiano que lá reside vimos que entre 2025 e 2050 o G5 (grupo dos cinco países mais ricos) será formado pela China, EUA, Índia, Brasil e México. Sim, estaremos lá. E não haverá nesse grupo países europeus.

E a advocacia certamente ganhará e muito com tudo isso. Crescimento econômico gera oportunidades diversas e também gera conflitos. A pergunta seria se a advocacia atual fará seu papel para aproveitar e potencializar esse crescimento econômico que se aproxima.

Veja. A advocacia na história brasileira fez sua parte no período imperial, na organização da República. O poder constituinte e as “diretas já” também receberam contribuição da advocacia. Pergunta-se: qual será a contribuição da advocacia para que nosso Estado Democrático de Direito cresça economicamente e mantenha o respeito aos ditames constitucionais e éticos a que nos pautamos? Continuaremos preocupados em respeitar os direitos humanos, o meio ambiente, a mão de obra, ou para estar mais próximos dos Grandes, teremos que desrespeitar algumas regras construídas pela democracia ocidental?

Tenhamos em mente que HK  investe 20% do PIB em educação. No Brasil não estamos com 5%. Pode se abrir uma empresa em HK em menos de 24 horas e no Brasil em 122 dias se tudo correr bem. Isso também exige reflexão. Explorar o meio ambiente e a mão de obra de forma agressiva não é imaginável, mas e a corrupção e o grande gasto do dinheiro público por aqui. Mudaremos isso para crescer e aproveitar o crescimento?


3 - E a gestão? Planejamento, metas, avaliação e orçamento baseado nos resultados.  Agora imagine tudo isso apimentado com o desejo de ser grande e de ajudar o país a ser o maior! É a China.

Porém, o que mais me chamou a atenção foi a estratégia focada no benchmarking. Um reitor da Universidade de HK afirmou que gasta 70% do tempo conhecendo a experiência dos concorrentes, inclusive, internacionais. Num país que não precisa respeitar propriedade intelectual, o benchmarking  certamente é uma ferramenta que funciona.

Numa palestra em Xangai (Shangai Jiao Tong University - School of International Education) a professora afirmou quais são os pontos cruciais do gerenciamento do Ensino Superior da China. Em um slide ela resumiu: expandindo a escala, assegurando a qualidade, promovendo a excelência, buscando a internacionalização, aprimorando a governança, diversificando cursos e currículos, criando a alma da competitividade.

Isso acontece em todo o ambiente de negócios. Eles são competitivos e estão alinhados no discurso, e o discurso fala em benchmarking e competitividade. Perceba que a China mostrou ao mundo que pode fazer o que todo mundo faz, com mais velocidade, com menor custo e em maior escala. Hoje lá estão as maiores fábricas do mundo ocidental, marcas como Nike, Adidas e Apple. E esse é o tom também no ensino superior.

Na palestra final em HK o reitor foi questionado sobre a doutrina utilizada na gestão empresarial, nas ciências da administração de empresas, se seguem os roteiros norte americano ou se há algo próprio da cultura chinesa. Ele tocou novamente no assunto da importância do benchmarking, mas ele ressaltou que existe um modelo próprio, sobretudo baseado em regras milenares, como as de Confúcio.

Perguntou-se ainda se a China não tem receio de sofrer alguma intervenção militar por conta do crescimento econômico, sobretudo, por que irá assumir a posição mais privilegiada do mundo, o poder econômico. Citaram o exemplo do oriente médio e das intervenções norte americana. Ele disse que a China não está se preparando para a guerra, que não é o perfil da China, ao contrário, que o respeito ao próximo e a paz são regramentos compreendidos a partir do Confúcio para o próprio sucesso do país. Será?

Não comi escorpiões no espeto. Não experimentei as iguarias chinesas da culinária, mas tive a oportunidade de conhecer um país em amplo crescimento, consciente dos passos que deu e dará para se tornar a maior economia do mundo. E o modelo de gestão certamente deve ser estudado, devemos conhecer o que fazem e como fazem os chineses, pois eles já mostraram resultados.

Um grande abraço e até a próxima!

Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon www.cmo.adv.br

28 de julho de 2011

Como pensar na remuneração dos sócios de um escritório de advocacia?


Quando me formei em 1999 precisei tomar uma decisão profissional e escolhi que inicialmente me manteria como advogado contratado no Departamento Jurídico das Empresas Pássaro Marron (transporte) e Serveng Civilsan (Construção), mas que com o tempo eu montaria meu escritório de advocacia.


Comecei o curso de Mestrado em Direito e logo estava lecionando no curso de Direito do Centro UNISAL Lorena SP. Foi um segundo momento de decisão. Minha dedicação ficaria com a docência e com o escritório de advocacia próprio, ao lado de sócios.


Nesse meio tempo a sociedade se formou com mais dois colegas de faculdade. Começamos com a compra do mobiliário básico (mesa, cadeira, estante e arquivo), um aparelho de fax e usamos inicialmente o meu computador pessoal, que saiu da minha casa e foi para o nosso pequeno espaço de "sala e banheiro" numa rua central da Cidade de Lorena - SP (100 mil habitantes).


Fizemos de início um combinado sobre como dividiríamos os compromissos e as vantagens financeiras. A amizade e a transparência ao longo desses anos nos manteve sólidos o suficiente para continuar crescendo. Hoje nosso escritório conta com a participação de 20 pessoas, entre estes, sócios, associados, estagiários, gerente financeiro e de TI, a secretária. Estamos na sede e também com uma filial em SP, capital.


Começamos um processo de profissionalização da gestão. No ano de 2010, definida a visão e a missão do escritório, reunimos a equipe toda durante 3 dias seguidos, numa proposta de imersão total para o planejamento do escritório. Atualmente estamos na fase de coleta de dados para futuras decisões, sobretudo, acerca de questões financeiras (remuneração e cobrança de honorários).


A Advocacia Hoje traz esse questionamento para todos os profissionais que buscam compreender e profissionalizar a gestão de suas atividades: como remunerar sócios? É sobre esse ponto que gostaria de provocá-los hoje.


A remuneração deve ter como pilar básico os seguintes questionamentos: (1) como a sociedade foi formada e qual o modelo que se pratica; (2) como o mercado remunera sócios e associados; e por fim, (3) qual a possível e necessária adequação que deve ser feita. Algumas considerações...


Como o sócio se comporta na sociedade? O sócio pode: (a) captar o cliente, (b) realizar o trabalho intelectual necessário, (c) administrar o cliente e gerenciar a realização do serviço, ou ainda, pode (d) não realizar nada para aquele caso ou cliente específico.


Sendo assim, se dentro de uma sociedade é possível vislumbrar que cada sócio realiza uma ou outra das quatro situações acima mencionadas, com maior ou menor ênfase, é também possível mensurar que a remuneração passaria a ser devida de acordo com a atividade praticada.


Então, cada um dos fatores citados deve ser analisado para que sejam fixados parâmetros de remuneração. E aí é que fica difícil!


O que vale mais? Captar o cliente, realizar o trabalho intelectual, administrar o dia a dia do escritório?


Pensemos que avaliando as situações expostas uma atividade necessariamente exige a presença da outra, ou seja, a soma das forças dos sócios é que realmente mantém viva a atividade do escritório. Salvo casos em que o sócio não atue em nada, certo é que a sua colaboração, em qualquer daquelas três atividades, é essencial, pois se desconsiderada uma, as outras não funcionam.


Mas, como mensurar adequadamente e de forma justa a remuneração? Esse é o ponto. De que forma valorizar financeiramente a participação diferenciada de cada um deles? Uma tarefa difícil, mas que por se necessária, deve ser enfrentada pela gestão dos escritórios.


Como o objetivo do texto é provocá-los, certo é que não há solução pronta. Não seria num pequeno texto que solucionaríamos questão tão complexa e, muitas vezes, tão particular para cada escritório e para cada sociedade.


Arrisco dizer que qualquer solução deve atender os seguintes valores: (i) manter vivo o laço que reuniu o grupo na formação da sociedade; (ii) ser equilibrada o suficiente ao considerar que todas as atividades são essenciais e que somadas produzem o resultado; (iii) ser justa para estimular o crescimento financeiro do grupo e a manutenção da pró-atividade do grupo em busca de novos negócios.


Então, se você está num escritório, estará num escritório, não deixe de pensar sobre isso! Como é a remuneração dos sócios? Como será a remuneração dos sócios?

Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon www.cmo.adv.br

21 de julho de 2011

Começar a advogar atendendo clientes da Assistência? + Exame da OAB é diferente de Concurso!

Caros leitores,


Eu sei que o assunto da vez é a anulação de questões na primeira fase do Exame de Ordem 2011.1. Contudo, minha postagem está focada no futuro do bacharel, após sua aprovação no Exame de Ordem.


1 - Sempre depois de um tempo os ex-alunos formados no Curso de Direito do Centro UNISAL Lorena retomam o contato com algumas dúvidas ou soluções.


Hoje, depois de férias merecidas nas cidades históricas de São João del Rei, Tiradentes, Marina e Ouro Preto MG (veja foto abaixo) retomei meus emails e encontrei dois contatos interessantes.

Foto Luis Chacon. São João Del Rei MG. 2011.
O primeiro de ex-aluno que, aprovado na OAB, recebeu sua carteirinha e me perguntou: "Professor, considerando sua atuação na advocacia, você acha que eu devo me inscrever no Convênio da OAB SP com a Defensoria Pública e começar a advocacia por aí, ou devo me concentrar desde já em clientes próprios?". Essa é uma dúvida frequente!


O segundo contato, de uma ex-aluna que contente mencionava que foi aprovada na primeira fase do Exame 2011.1, com 63 pontos, e dizia toda feliz: "Agora eu sei que realmente o exame é uma corrida sem competição, onde o aluno deve individualmente se superar".


Agora, o que podemos dizer para estes dois ex-alunos? Primeiro, que continuamos com eles, uma vez professor sempre professor. Segundo, que as duas perguntas exigem uma resposta centrada numa única palavra: foco.


2 - Veja que o jovem advogado que pretende atuar como profissional liberal, abrir seu próprio escritório, naturalmente, pelo menos no Estado de São Paulo, terá a dúvida acima mencionada. Afinal, inscrever-se ou não para atuar pela "assistência gratuita"? Fato é que muita coisa boa pode se extrair de tal experiência, principalmente, por que não se trata de mera experiência profissional, mas experiência pessoal, de crescimento e amadurecimento. Lembrando que uma pessoa mais experiente certamente é um profissional mais experiente.


Portanto, como experiência profissional o recém formado poderá atuar em casos simples, mas não menos especiais, dos clientes da "assistência" e a partir disso iniciar sua carreira e sua experiência profissional.


Seu nome circulará no Fórum, circulará na cidade, ele aprenderá tarefas simples, como controlar prazos e, principalmente, tarefas mais complexas como atender o cliente, deduzir suas pretensões da consulta inicial, solicitar documentos, pensar na estratégia processual etc.


A riqueza de informações e aprendizado que isso propicia vale muito mais que qualquer honorário advocatício pago pelo Estado, por menor, ou maior, que seja.


Mas, além do aprendizado profissional, o crescimento pessoal é estupendo. Os importantes clientes da "assistência" nos mostram a relevância social da função exercida pelos advogados, que precisam compreender que não são os honorários que aumentam ou diminuem os direitos dos clientes.


Ricos ou pobres, clientes são clientes e direitos são direitos, devendo o profissional compreender que acima de sua própria atuação profissional fala a Ética e a Justiça, sempre.


Portanto, ao advogado recém formado, se você tem tempo para dedicar aos importantes clientes da "assistência" faça isso com foco: retire o máximo de aprendizado profissional e pessoal dessa experiência.


Atenda e proteja tal cliente, como se fosse seu melhor cliente, pois todos devem se assim tratados!


3 - A bacharel recém aprovada na primeira fase que me enviou o email, salvo engano, havia sido reprovada nos exames anteriores (na segunda fase do 2010.2 e na primeira fase do 2010.3). Agora, aprovada na primeira fase novamente, ela se dedicará aos estudos da prática tributária, eleita como matéria para a segunda fase.


Mas, o discurso dela realmente é importante: o Exame da OAB, como o próprio nome diz, não é um Concurso. No concurso, candidatos concorrem. No Exame, bacharéis são avaliados. Isso mostra que estar preparado para o Exame é ter foco no seguinte verbo: estudar. A aprovação não cai do céu. O Exame é difícil. 


Os cursinhos estão cheios de dicas sobre como estudar, portanto, pense efetivamente em criar um planejamento do seu estudo. Depois de planejado, execute o plano! No dia da prova o lado emocional conta e muito, pois é o que prevalece. Não basta a concentração máxima nos estudos sem que o equilíbrio emocional propicie ao aluno que faça uma boa prova.


É preciso combinar o seguinte tripé: plano de estudo - execução do plano de estudo - controle emocional. Mas, a base de tudo é o controle emocional, que só se mantém firme se você estiver certo que está indo para o lugar certo (como planejado e executando o planejado). Uma coisa alimenta a outra!


Por enquanto é isso pessoal! Tenham foco! Definam o que pretendem e concentrem seus esforços! Tudo se alcança, mesmo que tudo comece com um simples sonho! Então, sonhe!


Grande abraço,

Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon www.cmo.adv.br

8 de julho de 2011

Advocacia, Exame da OAB e política!

Prezados leitores,


Toda vez que sai um resultado estatístico do Exame da OAB tomamos um susto. Nessa semana o susto foi maior com aprovação de aproximadamente e apenas 9% dos bacharéis em Direito que prestaram o Exame 2010.3.


Como podemos avaliar esse resultado? É somente a qualidade das instituições de ensino? É somente por que o Exame pode ser muito difícil em alguns aspectos? Tenho certeza que não, e gostaria de tecer alguns comentários!


1 - O Ensino Superior cresceu em número de instituições de ensino e em número de matrículas na última década sendo certo que o Curso de Bacharelado em Direito é um dos mais procurados, um dos mais volumosos em número de alunos e instituições que os ofertam. Fato é que quantidade não é sinônimo de qualidade, ao contrário.


Mesmo com toda a reestruturação do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior - atualmente isso mesmo, SINAES - podemos afirmar que existem cursos no ensino superior que não entregam um ensino de qualidade e, muitas vezes, preocupadas estão com a quantidade, com a mensalidade e pouco com a formação do seu aluno.


No caso do Direito, mesmo com toda a atuação da OAB nos últimos anos frente ao MEC e mudanças significativas no Exame de Ordem sabemos que cursos de qualidade baixa se mantém vivos em grandes centros ou mesmo no interior dos Estados brasileiros. A lista divulgada pela OAB após o resultado do último exame (clique e leia no Portal Exame de Ordem) mostrou que realmente há dados alarmantes, preocupantes.


Ser advogado, exercer a advocacia é certamente exercer uma das profissões mais importantes do pilar democrático brasileiro, exige preparo para a efetiva defesa dos interesses públicos e privados, está ao lado de profissões realmente importantes a ponto de se exigir um acompanhamento detalhado. Não se pode distribuir diplomas aos bacharéis e permitir que advoguem sem que se tenha certeza de que estão preparados para isso.


A instalação e o funcionamento de cursos de Direito estão entre os mais baratos: biblioteca, sala de aula e giz! Algumas faculdades até funcionaram em cinemas... Inicialmente, podemos dizer que o volume de alunos e cursos pode comprometer a qualidade dos bacharéis em Direito, bem como afirmar que é necessário um controle, no caso, atualmente realizado pelo Exame de Ordem. Mas, longe de ser essa a questão crucial!


2 - Para que os leitores compreendam os comentários que abaixo seguirão gostaria de informá-los que desde 2006, quando ingressei no curso de MBA em Gestão Universitária do Centro UNISAL, comecei a estudar o cenário do Ensino Superior com foco na gestão e, a partir daí, como advogado, professor e gestor universitário passei a ter olhares mais críticos e reflexivos sobre alguns pontos.


Em 2007 fiz um curso na Espanha, em 2008 no México, em 2010 nos EUA, em 2011 na França e Inglaterra, sempre estudando o Ensino Superior de cada um desses países. Esse cenário me permite avaliar a questão do Exame de Ordem com um ponto de vista um pouco diferenciado do que se tem feito nos últimos dias, meses, talvez anos.


Não é só aqui, por exemplo, que existe algum tipo de avaliação para o ingresso em carreiras. Na Inglaterra é preciso anos de estágio para progredir na advocacia, para abrir seu escritório próprio e até mesmo para peticionar junto aos Tribunais. Não é só aqui que o volume de instituições de ensino e de alunos aumentou nos últimos anos. Não é só aqui que grupos econômicos iniciaram altos investimentos no ensino superior, com abertura de capital na bolsa de valores inclusive. Não é só aqui que os jovens nem sempre estão ligados o suficiente para estudar, estudar e estudar em busca de seu futuro (a geração Y está em todo o globo!).


Em novembro deste ano irei para a China. Como diz meu amigo e especialista em Ensino Superior Fábio Reis que sempre organiza essas experiências de estudo internacional: devemos observar por que as universidades chinesas não apareciam nos rankings internacionais e agora estão entre as melhores! (conheça o Blog Fábio Reis). 


Todo o estudo e a experiência prática mostra que há muito mais do que se avaliar a qualidade dos cursos em si. Um ponto crucial é a qualidade dos nossos alunos. Qualquer professor universitário com mais de 5 anos de experiência pode responder a costumeira pergunta: como está "o nível" dos alunos que chegam ao ensino superior? A resposta tem tudo a ver com o resultado do Exame da OAB.


Então, vamos olhar o resultado do Exame da OAB com outra perspectiva: a formação do aluno brasileiro no ensino fundamental e médio.


3 - O Brasil, ao contrário do que outros países fizeram, tomou como preocupação aumentar o número de alunos em todos os níveis do ensino, mas não tomou com a mesma garra a questão da qualidade.


Tomemos como exemplo que professores do Ensino Fundamental sobretudo podem afirmar "que aluno de escola pública não repete nem se quiser". Tomemos como exemplo o fato público de que muitos alunos frequentam a escola por conta da merenda e do bolsa família, nada mais. E, por aí vai.


Exatamente ao contrário caminharam alguns países que hoje atendem suas necessidades econômicas e sociais no que diz respeito à formação de mão de obra qualificada. Veja o caso do Chile e da Coréia, e também da própria China. Investir na base para sustentar o topo da pirâmide com qualidade!


Para compreender onde está o Brasil é preciso conhecer dados estatísticos e informações importantes sobre isso, avaliando que possivelmente nosso crescimento econômico está sufocado e ameaçado pela qualidade do ensino superior brasileiro.


Leia: Crescimento ameaçado por falhas no ensino


Depois de ler isso, responda: por que há tanta reprovação no Exame de Ordem e por que o maior índice de reprovação está entre as instituições de ensino particulares?


4 - E, depois disso, podemos pensar juntos: o péssimo resultado no Exame da OAB é um problema somente das faculdades particulares? É um problema dos alunos ou da dificuldade do Exame?


Quando um aluno pergunta por que as faculdades públicas estão entre as melhores no Exame da OAB a resposta é simples: eles recebem alunos que já foram selecionados pelo vestibular concorrido. Esses alunos, por sua vez, estão habituados a estudar muito para alcançar objetivos através do estudo. E, por isso, conseguem mais foco e dedicação para se preparar para o Exame da OAB e para os concursos públicos.


Ao contrário, as faculdades particulares recebem alunos sem que o seu vestibular represente um filtro de qualidade. Seus alunos, por sua vez, em parte, estão habituados a ser aprovados no ensino médio e fundamental com a "ajuda" dos professores. Além disso, muitos precisam pagar seus estudos. E, por isso, não conseguem compreender que é necessário foco e dedicação para se preparar para os desafios que o futuro guarda para o bacharel em Direito.


O Brasil não investiu na qualidade do ensino público fundamental e médio quando deveria e hoje está colhendo os frutos de uma geração que apresenta grande dificuldade nas questões mais simples da língua portuguesa e da matemática.


Precisamos, então, redirecionar a preocupação do governo para mudar essa realidade: investir no ensino médio e fundamental, para que os alunos que chegam ao ensino superior público ou particular estejam igualmente preparados para estudar, estudar e alcançar seus sonhos profissionais!


Mas, estamos na batalha! Vamos estudar muito e buscar a aprovação no Exame de Ordem! Força! Como dizia Che Guevara: Lutam melhor os que têm melhores sonhos!


Portanto, para os bacharéis em Direito que ainda não foram aprovados no Exame, sonhem muito e acreditem nesse sonho, pois com o coração cheio de sonhos a alma e o corpo estão mais bem preparados para a batalha!


Grande abraço,
Professor Chacon
@LuisFRChacon


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17 de junho de 2011

Como cobrar os primeiros honorários advocatícios: uma preocupação após o êxito no Exame da Ordem!

Ontem um aluno do quinto ano (9º semestre) do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, UNISAL Lorena SP, me procurou e fez a seguinte pergunta: “Professor, eu passei no último Exame da OAB e pretendo abrir meu escritório no ano que vem. Como eu devo pensar em cobrar meus primeiros honorários, como determinar isso aqui na nossa região?”. Esse aluno, assim como a faculdade que ele estuda, situa-se no Vale do Paraíba paulista, nas margens da Via Dutra, entre Rio de Janeiro e São Paulo. O que eu respondi e o que eu deveria responder diante disso (?), pois que inicialmente imaginei – mas, me enganei - que ainda não era hora de pensar nos honorários.

Primeiramente, respondi que ele precisa ter muita calma e pensar, inicialmente, em montar um escritório com bons alicerces. Expliquei que pensar em honorários exige pensar antes na edificação desse prédio chamado “escritório”. Realmente, agora, explico melhor, antes dos honorários, a estrutura do escritório que passa pela inicial decisão de montar escritório sozinho ou com algum outro colega e definir, desde já, se esse colega deve ser também iniciante na advocacia ou não. Acredito que montar o escritório com pelo menos mais uma pessoa, no interior do estado de São Paulo, é o ideal. Isso diluirá custos, aumentará o portfólio de serviços iniciais, gerará mais confiança nos possíveis clientes, e até mesmo, em alguns casos, possibilitará que não seja contrato inicialmente um estagiário e até, em algumas situações, nem mesmo a secretária, pois os colegas sócios poderão dividir essas atribuições sem qualquer problema no início do escritório.

E, para essa decisão inicial, deve-se sopesar, principalmente: (a) o nível de affectio societatis que existe, pois essa é a base mais firme de qualquer sociedade entre profissionais liberais; bem como sopesar (b) se deve escolher um recém formado ou um advogado mais experiente. Entenda que o advogado com tempo de carreira trará consigo possível carteira de cliente, possível know how, mas também trará uma imagem no mercado e alguns métodos de trabalhar e atuar, ou seja, um jeito de trabalhar que não será vencido facilmente – a readaptação e a readequação de um profissional se ocorrer, não ocorrem da noite para o dia; já um advogado em início de carreira trará pouca experiência quanto à atividade de profissional liberal da advocacia, porém trará a possibilidade de moldagem e adequação para estabelecer um padrão de atuação e serviços que fortalecerá a estrutura do escritório desde o início. Agora, o que é melhor? Só no caso concreto é possível avaliar isso.

Em segundo lugar, ficou a pergunta mais específica do aluno, que certamente é uma dúvida de advogados recém formados ou não, está em como fixar seus honorários. Antes disso ainda, é preciso pensar na seguinte comparação: o que tem de comum abrir uma nova loja de venda de produtos no varejo e abrir um novo escritório de advocacia no interior do estado de São Paulo? Para abrir uma loja é preciso escolher o tipo de produto, definir as marcas e modelos, e, por fim ter um estoque de produtos para começar. Para abrir um escritório de advocacia é preciso escolher que tipo de serviço jurídico será prestado, definir as áreas e segmentos a ofertar e, por fim ter um estoque de serviços para começar (estoque de serviços é exatamente o conhecimento intelectual que o profissional liberal tem para o exercício da sua atividade, o quanto ele tem em potencial para entregar ao cliente aquele serviço oferecido). E, para chegar nesta última etapa – estoque de serviços – é preciso pensar no seguinte: onde está meu escritório (região, cidade); quem são os advogados do escritório e em que área atua ou pretende atuar; que pós-graduação pretende os sócios ou advogados fazer após a faculdade (é preciso especializar-se!); que tipo de serviço exige maior ou menor confiança do cliente (pois, escolher uma área muito técnica e específica pode não gerar confiança no potencial cliente no começo de carreira – imagine que no primeiro dia de escritório e de formado o agora advogado se intitula especialista em direito tributário; cola?). Então, é preciso pensar em montar o escritório nas seguintes etapas iniciais: com quem montar o escritório; que tipo de serviços oferecerá aos potenciais clientes e clientes.

Por fim, a pergunta do aluno: como cobrar os meus primeiros honorários advocatícios. Devo retomar dizendo que esse é um dos temas mais tormentosos para o profissional liberal advogado. Na gestão de escritórios de advocacia esse é um dos temas mais intrigantes, sendo certo que não detalharei aqui as questões mais técnicas do assunto, ao contrário, pretendo simplificar para os recém formados e talvez acender uma luz para os advogados mais experientes.

Advogar exige tempo. Advogar exige conhecimento específico. Advogar exige produção intelectual. Quanto tempo você atuará para realizar aquele serviço? ; que área do conhecimento é exigida para realizar aquele serviço? ; e que tipo de produção intelectual lhe será exigido ao longo da prestação daquele serviço. Essas são as três respostas iniciais que o advogado deve se preocupar para fixar seus honorários e, ainda, colocar isso lado a lado das regras éticas e dos parâmetros da chamada tabela de honorários advocatícios fixada pela Ordem dos Advogados do Brasil.

Existe uma tendência perigosa de no começo de carreira o advogado fixar honorários baixos para conquistar clientes. Isso se dá pelo fato de que o advogado recém formato tem muito tempo para dedicar àquele cliente novo que se apresenta; tem conhecimento geral e ainda não é um especialista para justificar honorários mais altos; e geralmente não está preocupado com o nível da produção intelectual que será produzida. Porém, essa tendência precisa ser afastada e com o tempo deve ser afastada, sob pena de o escritório crescer, conquistar seu mercado, aumentar seus custos operacionais, diminuir o tempo vago entre uma tarefa e outra, e continuar cobrando dos clientes os mesmos padrões de honorários que sempre se cobrou, sem agora ter como ou saber como retomar o cálculo de modo a manter bem vivo, útil e rentável sua atividade advocatícia.

Concluo dizendo que tem razão meu aluno! É hora de se preocupar em como cobrar seus primeiros honorários advocatícios! Mesmo antes de montar o escritório é preciso se preocupar com isso!

E você? O que achou do texto? Tem dificuldade em fixar seus honorários?
Grande abraço e até a próxima postagem!


Leia também minha nova postagem com o teor da palestra que tenho ministrado em algumas OAB e ESA. clique aqui


Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon www.cmo.adv.br

6 de junho de 2011

ADVOCACIA: MUITO ALÉM DO EXAME DE ORDEM... (parte II)

Queridos leitores do Blog Advocacia Hoje. Antes de relatar minha experiência com palestrante no I Fórum sobre Gestão de Escritórios de Advocacia realizado pela Comissão do Jovem Advogado na OAB de São José dos Campos - SP, gostaria de publicar a continuidade do excelente texto escrito pelo amigo Gilmar, em continuidade à uma publicação anterior que rendeu muitas leituras e comentários pelo Brasil inteiro. Trata-se de uma ponderada e prudente reflexão sobre o 'pós OAB'. Portanto, tudo a ver com Advocacia Hoje! Tenham uma ótima leitura! Grande abraço, Professor Chacon (me procure no Linkedin!)


Retornando ao presente texto, gostaria de agradecer pelos comentários que a primeira parte teve quando de sua publicação no blog ADVOCACIA HOJE  do meu amigo @LuisFRChacon e também quando o mesmo fora replicado no blog Exame de Ordem de Maurício Gieseler Perspectivas Após a Aprovação No Exame da OABMuitos leitores se identificaram com as situações relatadas! Que bom! Bom porque agora sei que as dúvidas e o momento pelo qual passo não são exclusividade minha e outros estão na mesma situação. Naquele primeiro texto refletimos sobre duas possíveis alternativas: a primeira relacionada com a Advocacia em escritório próprio e a segunda com a Advocacia como empregado (escritórios ou jurídicos). Agora, vamos em frente com nossas dúvidas: Prestar concurso e/ou Lecionar!

3 – Prestar concurso
            Opção de muitos, obviamente! Mas precisarei ter em mente que ao optar por concurso público uma questão se tornará crucial: Tempo! Precisarei dispor de parcela significativa de tempo diário para me preparar. E quem tem tempo disponível? Difícil.
            Milhares e milhares de pessoas hoje estão focados em passar em concursos públicos, o que não significa que esses milhares de candidatos estejam preparados adequadamente. Percebe-se que muitos prestam uma prova de concurso público para ver se dá na sorte, tipo, quem sabe, não é? Ilusão!, triste ilusão!, vejamos:
            Para se tornar um servidor público atualmente é preciso ter um amplo conhecimento, seja em conteúdo de matérias previstas no edital, seja em preparação para a realização de uma prova. Várias são as bancas que organizam os concursos e cada uma tem a sua peculiaridade e forma de avaliação. Cabe ao candidato estar atento a banca que realizará o concurso que se tem em vista, sob pena de simplesmente não conseguir a pontuação necessária para sua aprovação. Não quero entrar em detalhes e nem mesmo tenho conhecimento suficiente das peculiaridades de cada banca, mas pelo pouco que li sei que realmente essas diferenças existem.
            Como escrevi anteriormente uma questão crucial é o tempo, tempo esse para adquirir o vasto “arsenal” de conhecimento necessário para obter a aprovação no concurso almejado. Já li vários relatos e também vários amigos me disseram que levaram no mínimo 1 ou 2 anos para adquirirem conhecimento suficiente para começarem a pensar em prestar o concurso pretendido. Não estamos aqui falando de concursos de níveis médios, mas sim de concursos jurídicos (Considerando que este é um de nossos objetivos após a aprovação na OAB!). Magistratura, Ministério Público, Defensoria, AGU, Procuradorias, Delegado, etc..., todos concursos extremamente difíceis e concorridos! Não estou dizendo que concursos de níveis médios são fáceis, mas sim que a preparação é outra!
            Recentemente um amigo próximo foi aprovado para o MP de São Paulo. Não me lembro ao certo, mas entre a saída da faculdade e sua aprovação 4 ou 5 longos anos e 3 ou 4 concursos prestados foram necessários para sua aprovação.
            Nestes concursos a amplitude de matérias cobradas no edital faz com que o tempo necessário de estudos seja grande. Não somente a leitura de todas as matérias do edital, mas sim a leitura, a revisão, a realização de exercícios, a leitura novamente, até que já estejamos (pensando que estamos) dominando o assunto e assim preparados para realizar a prova. Deus queira que já sejamos aprovados na primeira prova prestada, mas infelizmente a realidade é outra e a máxima dos concursandos é a de que “Concurso não se faz para passar, mas até passar!”. Soma-se a isso o fato de que não é a todo o momento que abre concurso para Magistratura, por exemplo, e a preparação precisa levar isso em conta. Um ano abre concurso para Magistratura, pode se levar um ano, dois, três ou até mais para que outra seleção seja novamente aberta. Citei Magistratura apenas como exemplo. Podem ser MP, Defensoria, AGU, etc...
            Mas sigamos em frente! Para optarmos por concursos públicos além de nos dedicarmos um bom tempo estudando e dominarmos o conteúdo do edital, outra coisa de faz necessária: O gasto com livros e cursinhos! Já que precisamos dominar um amplo leque de matérias, um bom número de livros também precisará ser adquirido e como já sabemos livros de direito não são baratos! É o mesmo investimento que montar um escritório para advogar? Pode ser que sim, pode ser que não, depende do “nível” de escritório, mas mesmo que não seja o mesmo gasto que montar um escritório, o gasto é relativamente alto! Acredito que por menos de R$ 3.000,00 não consiga comprar a bibliografia BÁSICA para começar a estudar. E se quero ser aprovado o mais rápido possível, bibliografia complementar e até mesmo duas ou três doutrinas de cada matéria são diferenciais para que eu possa dominar o assunto (Quero ressaltar que o ideal é escolher um bom livro de cada disciplina e estudar somente por ele até que se tenha noção e conhecimentos necessários para que a bibliografia complementar somente venha a agregar e não confundir!). Na mesma esteira da bibliografia complementar estão os cursinhos preparatórios, sejam os cursos presenciais, sejam os cursos on-line. Ambos são uma mão na roda para que o domínio do assunto seja alcançado o mais rapidamente. Hoje contamos com excelentes professores dando um show de domínio em cada área especifica. Uma ressalva se faz com relação ao método de estudo por cursinhos on-line: É preciso disciplina e dedicação! Não estou querendo dizer que são menos eficientes, estou querendo dizer que a disciplina e dedicação devem ser constantes, haja vista quer ficar “assistindo” duas, três, quatro ou mais horas uma tela de computador não é nada fácil!
            Outra coisa que aquele que opta por prestar concurso pode fazer é prestar outros concursos, ou seja, com foco no concurso X, pode prestar os concursos Y e Z para testarem o seu conhecimento e quem sabe de quebra ser aprovado também. Para aqueles que só estudam e as finanças não andam tão bem, essa é uma alternativa a ser considerada, pois já estabilizado financeiramente em outro cargo, terá condições emocionais (pressão por resultado) de continuar em frente com os estudos até que a aprovação no cargo almejado seja alcançada.
            Outro fator deve ser considerado para àqueles que optarem por concurso: a possibilidade de mudança de cidade para a posse. Recentemente outro amigo foi aprovado em um concurso, este para Auditor Fiscal do Trabalho. Estava muito contente, afinal o salário era de aproximadamente de R$ 13.000,00 (treze mil reais), só que estava preocupado com a possibilidade da (adaptação) mudança de cidade com família e filhos para, se não me engano o Nordeste. Como é um concurso federal o aprovado poderá ser enviado para qualquer lugar da federação e isso obviamente deve ser levado em conta na escolha daquele concurso tão sonhado e desejado. Claro que muitos ao prestarem concurso nem sequer ligam para isso, afinal, o alto salário vale a pena.
            Para quem não sabe (o que acho difícil), os salários após aprovado em um concurso da área jurídica varia entre R$ 2.000,00 à R$ 5.000,00 reais para cargos de níveis médios (Cargos técnicos), entre R$ 5.000,00 à R$ 7.000,00 reais para cargos de nível superior (Assistentes e analistas), entre R$ 7.000,00 à R$ 22.000,00 reais para outros tantos cargos na administração pública, sejam eles jurídicos ou não. Por exemplo: Salário inicial de delegado federal: R$ 13.000,00 reais. Salário de Advogado Geral da União R$ 14.000,00 reais. Salário de Procurador do MPF R$ 21.000,00 reais, Salário de Promotor de Justiça R$ 19.000,00 reais. Salário de Juiz Estadual R$ 19.000,00 reais. Salário de Juiz do Trabalho R$ 21.000,00 reais. Enfim, todos que almejam um cargo na administração pública sabem que o salário é extremamente convidativo, tomando por base, por exemplo, que na iniciativa privada para se chegar ao patamar de receber um salário de R$ 20.000,00 leva-se muitos anos e experiência adquirida e uma boa dose de sorte. Mas faço uma ressalva: Não pensem que após a aprovação vocês terão vida mansa, muito pelo contrário, a cobrança por resultados e o alto volume de trabalho serão fatores freqüentes em suas vidas, ou o que sobrar dela. Brincadeiras a parte, a administração pública vem tentando fazer valer o princípio administrativo da eficiência, tudo para se fazer o máximo, com menos recursos e em menos tempo. Os salários são bons, mas você será exigido igualmente, mas não tenho dúvidas que valha a pena! Faltou ainda falar da estabilidade, ou seja, uma vez aprovado e empossado, você terá estabilidade, sendo que a demissão somente se dará em casos de faltas graves e mediante processo administrativo disciplinar, este com amplo direito de defesa assegurado pela Constituição Federal.
            Para finalizar este tópico, ressalto que apesar de ser grande o esforço de preparação, seja na aquisição de conhecimento teórico, seja em preparação emocional, a satisfação de ser aprovado em um concurso dizem que é indescritível! Não tenho muitas pretensões em concursos públicos a não ser no caso da Magistratura, seja Estadual, seja do Trabalho.
3 – Lecionar
            Eis nosso último tópico. Lecionar! Seja em qual dos caminhos que seguir, seja montar escritório, seja advogar em empresa, seja prestar concurso, lecionar pode ser uma opção concomitante, vejamos:
            Ao se preparar para advogar e prestar concurso (Obviamente que o conhecimento adquirido após a posse também vale muito!), o conhecimento adquirido pode ser transmitido através de aulas para outros alunos, seja em faculdades, seja em cursinhos. O conhecimento nunca, jamais é perdido!
            Mas não pense que apenas dominar alguma matéria é suficiente para sair dando aula por ai, em alguns casos sim, outros não. Vejamos as peculiaridades de lecionar:
            Você pode dominar várias matérias, mas você pode também dominar uma matéria, por exemplo, você pode dominar Direito Constitucional, Direito Administrativo e Direito Tributário, como você pode somente dominar Direito Tributário. Enfim, depende do seu esforço! Porque digo isso? Porque vejo que não preciso necessariamente ser expert em todos os assuntos para começar a lecionar e o domínio de apenas e tão somente de uma matéria já é a porta de entrada para se conseguir uma vaga de professor. Dizem que lecionar requer paixão por aprender e por ensinar. Não duvido disso, pois lecionar não é tão simples assim.
            Como já dissemos, lecionar requer bom preparo para aquela determinada matéria, conhecimento da lei, doutrinas, jurisprudência, súmulas, orientações, etc..., ou seja, o máximo que puder saber e estar atualizado sobre a matéria que for lecionar. Além disso, é preciso saber como transmitir isso aos alunos, ter didática, pedagogicamente falando, é preciso ser claro na exposição do assunto, paciente para explicar quantas vezes for até que as dúvidas sejam esclarecidas, ter dinamismo em sala de aula (quantas vezes você já teve que agüentar aquele professor monótono que nem sequer o tom de voz varia?), diálogo com os alunos (Por incrível que pareça tem professor que entra na sala dá a sua aula e não estabelece essa troca riquíssima que é dialogar com os alunos, se acham intocáveis!), se preparar para a aula, preparar material (Slides, resumos, exercícios) para os alunos, enfim, são coisas que o tempo em sala de aula vai ensinando (quem quer aprender), mas também pode ser objeto de aprendizado antes mesmo de começar a lecionar. Como? Através de treino! Treine na frente do espelho, grave sua voz e se ouça, lecione para o irmão, para o tio, para a mãe, para a avó, para os amigos, pois dessa forma já vai aprendendo a organizar o raciocínio, a dominar as mãos (Tem gente que movimenta demais as mãos ao falar). Uma boa dica é ler e treinar técnicas de oratória.
            Além disso, atualmente muitas faculdades por exigência do MEC somente contratam professores que possuem título de Mestre. Após se formar você poderá fazer uma pós graduação, Lato ou Strictu Sensu. Lato Sensu são os cursos de pós graduação com carga horária mínima de 360h, as chamadas especializações. Já os cursos Strictu Sensu são os programas de mestrado e doutorado. As especializações tem duração de 1 ano a 1 ano e meio. O mestrado tem duração de 2 anos e o doutorado duração de 4 anos. Não preciso necessariamente fazer uma especialização para depois fazer mestrado e depois doutorado. Posso após me formar, entrar diretamente no mestrado. Mas tudo isso tem um custo! Pós graduações existem para todos os gostos e bolsos. Atualmente existem especializações a partir de R$ 2.000,00 reais, chegando a mais de R$ 20.000,00, dependendo da Instituição onde você estude. Já os programas de mestrado e doutorado não saem por menos de R$ 35.000,00 reais ao final do curso. Existem ainda os programas de bolsas de estudos de órgãos de fomento a pesquisa, tais como CNPq, FAPESP, CAPES, entre outros. É preciso estar atento a divulgação dos editais de bolsas. Para participar é preciso apresentar um bom projeto de pesquisa e ser aprovado. Após a aprovação é que se dará a pesquisa em si.
            Para quem quer lecionar a mudança de endereço também pode acontecer. Conheço vários professores que ao passarem em concursos para lecionar tiveram que se mudar, de mala e cuia, com a sua família, inclusive para outros Estados. Obviamente que você nem precisará se mudar se em sua cidade tiver uma faculdade ou até mesmo na cidade vizinha.
            A remuneração para quem quer lecionar é convidativa, dependendo do número de aulas que você der. Se você dá bastantes aulas é possível que tenha uma renda de mais de R$ 10.000,00 reais (ressalto que aqui depende da titulação e da Instituição onde leciona). Como não há contrato de exclusividade, você poderá ser contratado por mais de uma faculdade. Explicar como isso é possível é matéria para outro texto, mas digo que sim, é possível, sendo que com isso, obviamente sua remuneração aumentará consideravelmente.
            Bons professores também lecionam em cursos de pós graduação, sendo que grande parte dos cursos de pós graduação (especializações) contratam o professor para lecionar um módulo e estes recebem o valor fechado por esse módulo. Algumas faculdades pagam entre R$ 500,00 reais à R$ 3.500,00 reais ou mais por dia de aula (ressalto que aqui depende da titulação e da Instituição onde lecionará).
            Enfim, pode se lecionar somente em cursinhos. Cursinhos preparatórios para concursos, para OAB, etc... Não sei ao certo qual é a remuneração aqui praticada, mas os comentários são de que recebem uma boa remuneração.
            Há ainda aqueles professores que viajam o Brasil todo dando aulas e palestras. Recebem um bom valor por cada uma, além das despesas de viagens e hospedagens serem pagas todas por àqueles que os contratam.
            Enfim, quem se dedica a lecionar deve criar o hábito da pesquisa e da publicação de artigos e livros e também orientar os alunos na pesquisa, monografias, trabalhos e também publicação de artigos.
            E ainda, quem se dedica a lecionar pode ter certa flexibilidade em seus horários, ou seja, podem lecionar de manhã e noite e terem a tarde livre, usando-a para estudar, preparar aulas ou como já disse anteriormente, concomitantemente exercer outra profissão como Advogado, Juiz, Promotor, etc..., cabendo a cada qual utilizar o seu tempo disponível da maneira como queira.
            Resumindo: Lecionar é uma boa opção após a saída da faculdade, pois ao mesmo tempo em que vai se preparando para um concurso, por exemplo, o conhecimento adquirido pode ser transmitido para os alunos e de quebra já ir fazendo o seu pé de meia!
            Caros amigos, não quis com esse texto esgotar todos os assuntos tratados. É apenas uma reflexão sobre qual caminho seguir após a faculdade. Como já percebi pelos comentários recebidos após a publicação da primeira parte, são dúvidas pertinentes a milhares de pessoas, não somente a mim.
            Para finalizar quero deixar registrado o que escolhi: Montei um escritório a 1 ano atrás sozinho, com a cara e coragem. Mas como trabalho em outro emprego e não tinha quem ficasse no escritório para mim, perdi várias oportunidades. Após 8 meses de escritório, resolvi compartilhar com um amigo o espaço. Infelizmente também não deu certo, dentre outras coisas, descobri que esse amigo também não ficava no escritório, conforme combinado. Resolvi fechá-lo, pois, a conta da manutenção do escritório não estava mais fechando no final do mês.
DECIDI QUE QUERO LECIONAR! Não simplesmente por que quero. Trabalho numa faculdade desde os meus 16 anos (Tenho 27 e os meus estudos somente foram possível porque trabalhava oito, nove, dez horas por dia, e tive bolsa e mesmo assim achava tempo para estudar!) e acho o máximo ser professor. De quebra, com a chegada de meu filho para setembro (Minha esposa, Alessandra está grávida de 5 meses do Lucas! \o/), a preparação para lecionar será ainda maior. O que farei concomitantemente com o magistério ainda é uma incógnita em minha cabeça. Sempre dizia em sala de aula que depois de formado queria advogar. Era um dos únicos. Acho o máximo essa profissão, mas ao contrário do que muitos dizem, não é fácil conseguir entrar e se manter nesse mercado, seja como profissional liberal, seja como advogado de empresa, detalhes já dei nos dois primeiros tópicos. Estou começando a considerar a opção de concurso para Magistratura, seja Estadual, seja do Trabalho. Afinal de contas, agora não sou só eu, sou eu, minha esposa e meu filho e garantir um futuro com tranqüilidade, segurança e conforto para eles é mais que minha obrigação nesse momento, ou seja, não tenho tempo a perder!
            Mas e aí o que fazer? Qual caminho seguir? Não existe solução mágica! Existe trabalho, dedicação e preparo, pois somente assim a sorte pode lhe sorrir!
            Desejo sucesso, saúde, muito trabalho e dedicação a todos, pois no final tudo terá valido a pena!
Se quiserem trocar experiências estou à disposição!
            Abraços e sucesso a todos!
Gilmar Vieira é Bacharel em Direito pelo Centro Unisal, Advogado Especializando em Direito Empresarial pelo Centro UNISAL, Lorena/SP.
Twitter: @gilmarvieira @direitodempresa



Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon www.cmo.adv.br

26 de abril de 2011

Agora que sou advogado, que caminho seguir?

Caros Leitores,
Hoje recebi um texto. Achei excelente divulgá-lo. Com o atraso na entrega do resultado da 2a fase do Exame da OAB 2010.3, com os boatos de "quando será o próximo exame", retomamos outro assunto relevante: o que fazer depois da faculdade, sendo advogado, que caminho seguir?


"Que caminho seguir? (por Gilmar Vieira Araújo) (@direitodempresa)
Essa é a pergunta que a maioria dos recém-formados fazem. Também é feita por aqueles que ainda não concluíram sua graduação e, também, por aqueles que ainda não decidiram qual faculdade devem ou querem cursar.
Penso que mesmo após a escolha da faculdade, da profissão a ser seguida, a área de atuação ainda não se delimitou. Obviamente que o “leque de opções” já fica reduzido com a escolha da graduação que se cursará, mas a área de atuação geralmente ainda não.
Citarei o meu próprio exemplo e cada um analise sua situação pessoal. Vejamos:
Me formei no final de 2008 como Bacharel em Direito, fui aprovado no primeiro exame de ordem que prestei (137º Exame de Ordem) em SP. Antes que digam que foi sorte, lhes digo que a preparação para que isso acontecesse foi árdua, chegando a 14 horas de estudos diários e muitos dias com somente 2 ou 3 horas de sono. A sorte só aparece para quem está preparado naquele momento. Não podemos colocar todas nossas moedas somente na sorte, é preciso mais, é preciso foco, é preciso afinco nos estudos, é preciso estudar o edital, é preciso estar presente nas aulas (quem ainda está cursando a graduação), enfim, aproveitar e fazer tudo o que está a seu alcance, para que aí sim a sorte possa lhe sorrir.
Passado a OAB, já advogado, terno alinhado, peito estufado, escritório montado, que venham os casos, os processos, as ações, os clientes. CALMA! Não é tão simples e fácil assim. A Advocacia é relação de confiança, confiança entre Advogado e Cliente. Mas, se o caminho a seguir é montar seu escritório, como ter confiança se quase ninguém te conhece? O processo é lento e demorará uns bons anos até você ter a confiança da sociedade e até lá, excluindo aqui os casos daqueles alunos que já estagiam em escritórios e que a aprovação é condição “sine qua nom” para sua efetivação, a clientela é escassa, escassa e muito exigente!
Mas e aí, que fazer? Pois bem, essa é a pergunta que me faço neste momento. A Advocacia sem tempo para dedicação exclusiva, por conta da necessidade de se manter em outra atividade profissional, é algo complicado de se imaginar. Se com dedicação em tempo integral já é algo difícil, imaginem o contrário. Estamos entre a “Cruz e a Espada”!
Preciso me decidir primeiramente o que fazer levando em conta meus gostos pessoais, minhas convicções, minha visão de trabalho e profissional ideal e que quero ser.
Listei as seguintes opções:
1 – Advogado de Empresa;
2 – Trabalhar em escritório de Advocacia ou constituir escritório próprio;
3 – Prestar concurso;
4 – Lecionar.
Vejamos os prós e contras de cada opção:
1 – Advogado de Empresa:
Para conseguir trabalhar em uma empresa tenho dois caminhos: Trainee/Estágio ou experiência. Se conseguir passar no árduo caminho de seleção para Trainee/estágio terei a oportunidade de não somente trabalhar no departamento jurídico, mas também de conhecer toda a estrutura da empresa, setores como produção, logística, gestão de pessoas, marketing, enfim, poderei até descobrir que tenho afinidade ou paixão por uma área diferente da área de formação. Gestão de pessoas, quem sabe?
Posso entrar também por ter experiência em determinada área específica: Contratos, Tributário, Trabalho, Societário, Comercial, Administrativo, enfim, vai depender das necessidades da empresa. Essa é uma opção um pouco distante de minha realidade. Se estou começando agora como posso ter experiência? Três, cinco, sete anos como algumas exigem. Não tive oportunidade de estagiar e se você teve a oportunidade em algum escritório ou empresa em uma determinada área e tem essa experiência, aproveite, seu caminho está mais curto do que você pensa!
Mas a dedicação a uma determinada área se concentra nas grandes empresas, já nas médias e pequenas empresas o conhecimento exigido é amplo, pois normalmente existem um ou dois advogados e que fazem de tudo um pouco. Logo, para trabalhar como Advogado em uma empresa menor terei que dominar Direito do Trabalho, Tributário, Comercial, Societário, Administrativo, Contratos, etc..., tudo junto.
Em ambos os casos precisarei dominar no mínimo uma segunda língua, pois com a globalização das empresas atualmente, é muito provável que tenha que me reportar a sede da empresa que fica nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Chile, China e por ai vai. Logo, se minha opção é trabalhar em uma grande empresa e até mesmo nas médias e pequenas, uma segunda língua não é mais diferencial, é pré-requisito. Assim como eu, muitos outros também não tiveram a oportunidade de começar o estudo de uma segunda língua desde cedo. Mas isso é desculpa? Acredito que não!
Nessa opção a dedicação é quase que exclusiva, senão total, pois com tantas áreas do Direito para dominar, tempo é questão crucial para atualização e entrega de resultados. Soma-se a isso, a necessidade intrínseca de entender de negócios (Marketing, Gestão de Pessoas, Finanças, etc...), mais precisamente do negócio da empresa, o que ela faz, como faz, porque faz, para quem vende, enfim, precisa entender a cadeia de processo, pois somente assim serei capaz de dar respostas jurídicas eficazes para o êxito da empresa.
E ainda, a possível exigência de mudança de cidade, a necessidade de deslocamento constante, realização de audiências, reunião com clientes, discussão de contratos e principalmente a forte pressão por resultados são mais alguns fatores que devo observar se essa for minha escolha profissional.
Já ia me esquecendo da remuneração. Para os Advogados em início de carreira em uma empresa a remuneração fica em torno de R$ 1.000,00 à R$ 4.000,00 reais. Com alguns anos a mais de experiência a remuneração está na faixa de R$ 4.000,00 à R$ 8.000,00 reais. Um gerente jurídico tem uma remuneração na faixa de R$ 10.000,00 à R$ 15.000,00 reais e um Diretor jurídico com bastante experiência e bons anos de empresa pode chegar ao salário de R$ 20.000,00 à R$ 30.000,00 reais, fora os bônus por desempenho. Obviamente que aqui terei que considerar que isso varia de empresa para empresa, principalmente pelo seu porte. Um Diretor jurídico de uma pequena empresa pode ter o salário de R$ 5.000,00/mês e sem direito a bônus.
Muitos desafios, mas seguramente uma opção de carreira dinâmica.
2 – Trabalhar em escritório de Advocacia ou constituir escritório próprio
            Para trabalhar em um escritório é preciso primeiramente ter estudado em uma boa faculdade (De primeira linha). Vejo esse requisito na maioria das publicações de vagas de escritórios em SP. Alguns escritórios publicam ainda que se esse requisito não for atendido o currículo é sumariamente descartado. Não quero aqui entrar no mérito da questão, mas isso é o certo a se fazer? Sem uma boa entrevista, dinâmica de grupo, conversa com os sócios do escritório, acredito que definir a qualidade de um profissional apenas pela faculdade onde se formou seria exagero. Se com todos os instrumentos de avaliação acima já é difícil acertar um perfil, imaginem impondo o pré requisito faculdade de primeira linha para descartar aqueles que não tiveram a oportunidade de estudar em uma boa faculdade, mas que seriam melhores profissionais, persistentes, perspicazes, corajosos e que apenas por causa da faculdade nem tiveram oportunidade de demonstrarem suas qualidades.
            Mas voltando ao cerne da questão, trabalhar em um grande escritório será o mesmo que entrar numa linha de produção, onde atuarei em áreas específicas do direito. Poderei quem sabe, com o passar do tempo migrando de um ramo para outro, adquirindo grande experiência.
            Há aqueles escritórios menores que poderei atuar já em mais de uma área específica, inclusive tendo a oportunidade de ter contato direto com alguns clientes, participar de reuniões, dar pareceres, enfim, não me sentir apenas um robô repetindo de forma mecanizada teses em contencioso de massa.      Há os escritórios butiques que são aqueles onde a especialização é o seu diferencial, diferentemente dos grandes escritórios onde quase todas as áreas do direito são atendidas. São escritórios reconhecidos por sua especificidade e qualidade em sua determinada área. Temos escritórios especializados em Direito Tributário, Fusão e Aquisição, Ambiental, Penal, Administrativo, etc... Para entrar em qualquer um desses o caminho se repete: Estágio ou Experiência.
            Posso conseguir um estágio durante a faculdade e logo após a aprovação no exame de ordem ser efetivado e a partir disso trabalhar como Advogado. Posso entrar também por ter experiência em uma determinada área. Vejo que alguns escritórios preferem até contratar recém formados e que já tenham sido aprovados no exame de ordem, pois acreditam que esses serão profissionais sem vícios, sendo ensinados de acordo com a cultura do escritório.           
            Dependendo da área que escolher não terei dúvidas de que a segunda língua será pré requisito. Muitos escritórios atualmente prestam serviços para empresas estrangeiras. Logo, os contatos e reuniões com esses clientes serão feitos única e exclusivamente utilizando a segunda língua.      No meu caso específico, este requisito está ainda um pouco longe de ser atendido, mesmo que já esteja estudando com afinco, o domínio de uma segunda língua não acontece num passe de mágica. É preciso tempo para assimilar o aprendizado e ainda mais tempo para praticar o aprendizado. Desistir? Obviamente que não!
            Aqui a dedicação também será quase que exclusiva. Sempre será assim? Não! Mas é preciso estar preparado para que isso aconteça quase que constantemente. Quem leu o livro Cartas a um Jovem Advogado, sabe que em um determinado ponto o autor menciona que por causa da assessoria do escritório em um grande negócio de sua cliente, tiveram que passar dias trancados no escritório, inclusive dormindo no escritório. Logicamente neste caso o sigilo da negociação e das informações era condição para que o negócio tenha sido realizado com sucesso, nada podia vazar. Estou citando apenas um exemplo que um grande escritório, mas não penso que seja diferente em escritórios menores, onde por culpa da globalização das transações comerciais, todo e qualquer empresa precise do apoio integral de um escritório de advocacia. O mercado não tem hora e o escritório (Digo, o Advogado) precisa estar ali, pronto para dar respostas eficazes, independentemente da hora. Viagens, reuniões com os clientes, audiências, negociação, discussão de contratos, acompanhamento em diligências, etc..., rotina normal de quem se propõe a trabalhar em um escritório.
            Já para aqueles que escolheram montar o seu próprio escritório, assim como eu, as dificuldades são ampliadas em um sem número de vezes. Não somente precisarei dar conta de solucionar os problemas dos clientes, mas também, gerir administrativamente o escritório.
            Quanto será o aluguel, o telefone, a internet, o sulfite, o toner da impressora, as despesas com combustível, alimentação. Meu Deus! Darei conta de tudo isso? É preciso preparação. Cursos de gestão de escritórios são uma mão na roda para aprender algumas dicas valiosas de como gerir o escritório. É o suficiente? Não! Não é suficiente, pois como disse anteriormente, inicialmente a carteira de clientes não é suficiente para manter todas as despesas do escritório, que mesmo sem demanda o custo se mantém alto.        
Mas e aí o que fazer? Qual caminho seguir? NÃO EXISTE SOLUÇÃO MÁGICA!".

Numa próxima publicação falaremos sobre as duas últimas opções. Mas, antes disso, qual é a sua situação? Que conselho podemos dar aos recém-formados?

Grande abraço!


@LuisFRChacon
Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon www.cmo.adv.br