1 - Depois de um tempo cuidando do Curso de Direito do UNISAL Lorena SP e fazendo um curso sobre Gestão em duas universidades chinesas, estou de volta ao blog. Desculpa pela demora! Mas foi preciso organizar tudo de modo a fazer uma viagem tranquila, para um bom aprendizado.
Tenho participado de cursos de gestão universitária desde 2006. Iniciei com um curso de MBA em Gestão Universitária no UNISAL Lorena SP e participei de várias experiências internacionais. Em 2007 na Espanha, depois no México, nos EUA, na França e na Inglaterra. Agora em 2011 visitamos a China.
Essas iniciativas partiram do empreendedorismo do Professor Fábio Reis, um especialista em Ensino Superior (veja sobre essa iniciativa a reportagem da página 74 da edição de Novembro de 2011 da Revista Você S.A.: Direito de Lorena: diretor paulista que criou seu próprio jeito de fazer networking). Cada país é uma experiência diferente e muito forte para nosso aprendizado em gestão.
2 - Cada país tem uma contribuição própria para o aprendizado da gestão. Os chineses são dedicados, querem muito se tornar uma nação de destaque no cenário internacional e os resultados atuais demonstram que o caminho já existe. Na universidade que visitei em Hong Kong vi alunos na biblioteca mais concentrados e compenetrados do que vi na Inglaterra ou nos EUA. Além disso, como colônia inglesa, em HK eles são pontuais!
Pequim e Xangai guardam o tradicional e o moderno. HK é de todo uma cidade cosmopolita. Um país que cresce 10% ao ano tem o que nos ensinar. Na palestra com um professor indiano que lá reside vimos que entre 2025 e 2050 o G5 (grupo dos cinco países mais ricos) será formado pela China, EUA, Índia, Brasil e México. Sim, estaremos lá. E não haverá nesse grupo países europeus.
E a advocacia certamente ganhará e muito com tudo isso. Crescimento econômico gera oportunidades diversas e também gera conflitos. A pergunta seria se a advocacia atual fará seu papel para aproveitar e potencializar esse crescimento econômico que se aproxima.
Veja. A advocacia na história brasileira fez sua parte no período imperial, na organização da República. O poder constituinte e as “diretas já” também receberam contribuição da advocacia. Pergunta-se: qual será a contribuição da advocacia para que nosso Estado Democrático de Direito cresça economicamente e mantenha o respeito aos ditames constitucionais e éticos a que nos pautamos? Continuaremos preocupados em respeitar os direitos humanos, o meio ambiente, a mão de obra, ou para estar mais próximos dos Grandes, teremos que desrespeitar algumas regras construídas pela democracia ocidental?
Tenhamos em mente que HK investe 20% do PIB em educação. No Brasil não estamos com 5%. Pode se abrir uma empresa em HK em menos de 24 horas e no Brasil em 122 dias se tudo correr bem. Isso também exige reflexão. Explorar o meio ambiente e a mão de obra de forma agressiva não é imaginável, mas e a corrupção e o grande gasto do dinheiro público por aqui. Mudaremos isso para crescer e aproveitar o crescimento?
3 - E a gestão? Planejamento, metas, avaliação e orçamento baseado nos resultados. Agora imagine tudo isso apimentado com o desejo de ser grande e de ajudar o país a ser o maior! É a China.
Porém, o que mais me chamou a atenção foi a estratégia focada no benchmarking. Um reitor da Universidade de HK afirmou que gasta 70% do tempo conhecendo a experiência dos concorrentes, inclusive, internacionais. Num país que não precisa respeitar propriedade intelectual, o benchmarking certamente é uma ferramenta que funciona.
Numa palestra em Xangai (Shangai Jiao Tong University - School of International Education) a professora afirmou quais são os pontos cruciais do gerenciamento do Ensino Superior da China. Em um slide ela resumiu: expandindo a escala, assegurando a qualidade, promovendo a excelência, buscando a internacionalização, aprimorando a governança, diversificando cursos e currículos, criando a alma da competitividade.
Isso acontece em todo o ambiente de negócios. Eles são competitivos e estão alinhados no discurso, e o discurso fala em benchmarking e competitividade. Perceba que a China mostrou ao mundo que pode fazer o que todo mundo faz, com mais velocidade, com menor custo e em maior escala. Hoje lá estão as maiores fábricas do mundo ocidental, marcas como Nike, Adidas e Apple. E esse é o tom também no ensino superior.
Na palestra final em HK o reitor foi questionado sobre a doutrina utilizada na gestão empresarial, nas ciências da administração de empresas, se seguem os roteiros norte americano ou se há algo próprio da cultura chinesa. Ele tocou novamente no assunto da importância do benchmarking, mas ele ressaltou que existe um modelo próprio, sobretudo baseado em regras milenares, como as de Confúcio.
Perguntou-se ainda se a China não tem receio de sofrer alguma intervenção militar por conta do crescimento econômico, sobretudo, por que irá assumir a posição mais privilegiada do mundo, o poder econômico. Citaram o exemplo do oriente médio e das intervenções norte americana. Ele disse que a China não está se preparando para a guerra, que não é o perfil da China, ao contrário, que o respeito ao próximo e a paz são regramentos compreendidos a partir do Confúcio para o próprio sucesso do país. Será?
Não comi escorpiões no espeto. Não experimentei as iguarias chinesas da culinária, mas tive a oportunidade de conhecer um país em amplo crescimento, consciente dos passos que deu e dará para se tornar a maior economia do mundo. E o modelo de gestão certamente deve ser estudado, devemos conhecer o que fazem e como fazem os chineses, pois eles já mostraram resultados.
Um grande abraço e até a próxima!
Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon www.cmo.adv.br
Talvez, de fato, a chave para a prosperidade educacional seja a união entre disciplina e empreendedorismo.
ResponderExcluirHá uma onda de olhares voltados aos mecanismos educacionais mais atrativos.
Preocupo-me com a comercialização de tudo isso.
É preciso saúde financeira dentro das instituições privadas, claro! Entretanto é também preciso cuidado. Cuidado para que os alunos não se posicionem como consumidores frios de um serviço qualquer. Educação não pode ser encarada como mercadoria. Antes de pensar em gestão universitária é preciso pensar em plenitude nas relações educacionais. É preciso ter certeza de que há sementes de curiosidade e interesse florescendo dentro de cada estudante; a função de toda instituição de ensino é instigar e possibilitar o conhecimento e, numa relação sinérgica, efetivamente educar (ensinar alunos interessados é fácil, o desafio está em atrair os mais distantes). Caminhamos a passos largos para o crescimento econômico - aplausos, mas não podemos permitir que ele seja um fim em si mesmo.