11 de dezembro de 2013

Advocacia e empreendedorismo: em busca de alinhamento!


Caros leitores do BLOG ADVOCACIA HOJE,

Este texto foi escrito a partir da palestra que ministrei no INSPER como parte do evento oficial de abertura dos cursos de LL.C. de Direito Empresarial daquela instituição de ensino. Falei como Coordenador de Novos Mercados e Gestão da Comissão Estadual do Jovem Advogado da OAB SP. Considero o tema importantíssimo!

O evento é uma abertura oficial das matrículas para o inovador e relevante curso de LLC em Direito Empresarial daquela renomada 'Escola de Negócios' e tem como objetivo atender de maneira individualizada e adequada advogados com até 5 anos de exercício profissional. Ou seja, um curso para potencializar o sucesso profissional de quem está no início de carreira. Veja detalhes do curso neste link

1 - Muitas pessoas me procuram no decorrer da graduação em direito ou após dela, no começo da carreira, com perguntas que revelam um receio de advogar. Esse receio é fruto, certamente, da falsa perspectiva de que o mercado está inflado, inchado e que a concorrência é desumana. Essa perspectiva é falsa haja vista que o mercado da advocacia está aberto para aqueles que efetivamente estiverem dispostos a reinventar a advocacia. E, o que seria isso? Estar disposto a sair do lugar comum, estar disposto a propor um serviço jurídico inovador, realmente especializado, focado no cliente e não no processo, ou seja, utilizar ferramentas de gestão e estratégia para driblar a concorrência!

Logicamente, essa reinvenção pode não trazer benefícios imediatos em curto prazo, pois isso não acontece com nenhum negócio, pois sempre é preciso investir dinheiro, investir recursos e gastar tempo! Sobretudo quando tratamos de prestação de serviços sabe-se que o retorno não é imediato, diferente da “padaria” que logo no primeiro dia já vende seu pão e pode ter seu lucro o escritório de advocacia pode amargurar alguns dias sem cliente algum.

Então, isso reflete que realmente é preciso ter planejamento e estratégia para enfrentar esse começo dificultoso pela própria natureza da prestação de serviços, bem como diminuir o lapso entre o início da atividade e o retorno financeiro. Portanto, é preciso empreender!

2 – O empreendedor é aquele sujeito que faz acontecer. É o colaborador inquieto com o lugar comum, que almeja algo melhor, uma nova posição, uma nova realidade e efetivamente se dedica a alcançar esse objetivo, com garra e “sangue nos olhos”. Geralmente, na atividade diária ele faz além do que lhe é solicitado, buscando atingir seu objetivo. O empreendedor faz o que o colega deveria ter feito, ao invés de usar a falha do colega como desculpa para o insucesso. Nem todo mundo é assim, mas mesmo que tenhamos uma personalidade um pouco diferente disso, eu asseguro que parte do que se dispõe a fazer um empreendedor podemos saudavelmente copiar e executar em busca de nossos objetivos.

Do ponto de vista de ser dono do próprio negócio ou ser colaborar num negócio alheio ser empreendedor é fundamental. Realmente, de início, podemos ressaltar que não somente o sócio deve ser empreendedor, o associado e até o estagiário também, e isso será importantíssimo para o sucesso da banca – que deverá valorizar e muito esse profissional!

Empreender é efetivamente buscar realizar algo novo ou inovador. Logicamente que a advocacia não pode ser “virada no avesso”, pois a atividade está atrelada a certos fatores externos que não nos permitem sair do “8 ao 80”, mas é sim possível pensar em inovar aquilo que existe, propondo métodos diferenciados de atendimento ao cliente, de organização estrutural da banca, de segmentação especializada de mercados, e até mesmo de teses ou métodos de ação e reação processual, etc. Ou seja, é possível criar e é possível (re)criar o método dos serviços de advocacia oferecidos.

Então, na advocacia, empreendedor pode ser aquele que realmente cria algo novo ou aquele que consegue enxergar uma oportunidade de transformação e inovação naquilo que já existe, seja em seu próprio escritório, seja como colaborador em um escritório ou mesmo em departamento jurídico.

3 - Acho mesmo que precisamos ter no cotidiano “atitude transformadora”. Buscar pensar em ser diferente, entregar diferente, realizar diferente e efetivamente advogar diferente é o que pode trazer o sucesso na advocacia, principalmente, para as novas bancas e novos advogados.

Acho até que a realidade atual já tem destacado isso com transformações em grandes bancas de advocacia, criação de pequenos escritórios de luxo, criação de grandes escritórios focados somente na advocacia de massa, as grandes parcerias para os serviços de apoio e correspondentes, etc. Realmente, pensar num novo serviço, num novo segmento e aproveitar de fato estas oportunidades, isso é empreender! Criar o ambiente necessário para aproveitar tais oportunidades, isso é empreender! Mudar a forma de advogar e mudar a forma de entregar o serviço de advocacia é o desafio da vez!

4 - Algumas ideias podem ser positivas para que possamos pensar sobre tudo isso!

- Criar um novo padrão de serviços não jurídicos (criar um diferencial no mercado ao atender bem o cliente de forma integral e não só com qualidade jurídica (Branding);

- Segmentar efetivamente a clientela buscando atendimento altamente especializado (atender ao invés de áreas de especialização, potencializar segmentos de especialização como, por exemplo, o setor de aviação civil, o setor farmacêutico, etc.) (leia algo sobre aqui);

- Pensar no serviço com foco no cliente (inverter o raciocínio e pensar com a cabeça do cliente para traçar estratégias de atendimento diferenciadas);

- Pensar no jogo de xadrez que é montar um escritório (escolher o melhor lugar, os melhores sócios, em que área atuará a banca, etc.) (leia sobre isso aqui);

5 - Pois, bem, agora, como fazer?

Existem três passos muito bem definidos na atividade de cada empreendedor. Sabemos que parte disso pode ser da personalidade do profissional, parte disso pode ser resultado do ambiente em que foi criado, etc. Mas, é possível compreender e aprender como se faz e, na arte da repetição, empreender!

Diante disso, considerando que muitos não encaram isso com total “naturalidade” afirmo que não pretendo entregar um “caminho das pedras” nem o “mapa da mina”. Pretendo lhe mostrar um desenho simples, porém muito útil e que poderá ser aprimorado por você com mais leituras e pesquisas (inclusive, neste próprio BLOG ADVOCACIA HOJE, leia algo sobre planejamento estratégico do seu escritório aqui).

Os três passos são definidos claramente pela imagem abaixo:

[1 ideia, 2 planejamento, 3 ação]

Para alcançar o topo da escada é preciso olhar para cima, ter o desejo, ter a ideia. Depois, é preciso dar o primeiro passo, ajeitando a escada, escolhendo e planejando como será a melhor subida. Por fim, é preciso subir, tomar a atitude necessária com a dedicação que se deve ter para com os nossos sonhos, ter atitude transformadora!

Então, podemos sintetizar que a atitude empreendedora se resume em três verbos: [1 PENSAR 2 PLANEJAR 3 AGIR]. Separe um tempo na sua agenda. Coloque sua ideia no papel. Depois descreva tudo o que é necessário fazer para alcançar tal ideia. Estabeleça com isso um organograma, com prazos e funções. Certifique-se que todos compreenderam muito bem o que devem fazer. Partam para a ação e colham os frutos do resultado!

Parece fácil? Mas não é! Isso por que a maioria dos profissionais tem muitas ideias, alguns poucos conseguem planejar e é certo que uma pequenina minoria consegue partir para a ação. E eis aqui que está o maior segredo dos empreendedores: eles agem! Não estão satisfeitos com o lugar comum, são profissionais inquietos e que almejam muito realizar seus sonhos e estão dispostos a realmente fazer o necessário para alcançar isso. Então, fique ligado: não basta ter uma boa ideia, não basta planejar, pois é preciso agir!

Neste ponto é muito importante colher e organizar informações. Apontar de forma escrita e clara quais são os itens desejados, planejados e quais as ações a ser praticadas, designando quem é o responsável e qual o prazo. Além disso, uma revisão constante da progressão é tão importante quanto às ações em busca de resultado! Reavaliar para readequar quando for preciso.

Logicamente, empreender é realizar um conjunto de atividades, algumas com visão macro do escritório, outras com visão mais isolada. Um exemplo simples, prático, mas ilustrativo que pode ser moldado para objetivos mais complexos é o seguinte:

Tema: Melhorar a qualidade do serviço não jurídico em busca de satisfação e fidelização dos clientes.
Ideia: melhorar o feedback das ligações e consultas via email dos clientes.

Planejamento: criar uma ferramenta eletrônica (no Office Outlook) que possa garantir o recebimento da informação (secretária, sócio responsável, advogado e estagiário) e avisar o responsável quanto ao prazo da devolutiva da consulta ou do retorno da ligação. Comunicar os envolvidos. Designar responsáveis e prazos. Realizar um teste ou treinamento.

Ação: implantar a utilização da ferramenta e monitorar os resultados para possível adaptação e, depois, buscar devolutiva dos clientes sobre a melhoria do serviço valendo-se disso como marketing.

6 – Mudar nosso comportamento não é fácil. É muito mais fácil permanecermos em nossa zona de conforto. Porém, lembre-se que não basta ter boas ideias, não basta planejar, para alcançar o sucesso é preciso agir! Então, algumas dicas para começar!

- Comprometa-se e persista com sua ideia!
“A coragem é a primeira qualidade humana, pois garante todas as outras” Aristóteles.

- Levante e controle as informações!
Conhecer o seu negócio com o mínimo detalhe é importante para decidir. Não é possível confiar no “achismo” é preciso confiar nos dados coletados!

- Planeje e estabeleça metas!
“De que adiante correr quando se está no caminho errado?” Provérbio Bárbaro.

- Confie na sua expectativa!
Enquanto houver expectativa haverá efetivamente desejo e com isso é mais fácil agir em busca de resultados! Esteja apaixonado pelo seu negócio! “É o oásis que move a caravana no deserto” Provérbio Árabe.

- Tome decisões!
Não existe negócio sem riscos. O erro certamente ocorrerá em alguns momentos. Porém saiba que o erro é a melhor escola para que tudo de certo no futuro! Acredite!

Acho que é isso! Vamos começar a advogar diferente?

Grande abraço e sucesso!

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3 comentários:

  1. Já se foi o tempo em que bastava somente colocar uma plaquinha escrita "Advogado".
    Hoje realmente o profissional deve estar preparado e principalmente ter uma visão empreendedora, caso contrário estará fadado a migalhas ou até mesmo o fracasso.
    Nosso escritório foi a mesma coisa, no começo batemos muito a cabeça, hoje, anos depois já conseguimos trabalhar com menos sufoco, mas no início foi muito ríspido.
    Precisamos implantar um software de gerenciamento e com ele obter estatísticas para conseguir traçar metas, além de poupar muito de nosso tempo, quem quiser conhecer segue o link do que usamos:
    http://www.legisperitis.com.br/software-advogado-sistema-escritorio-juridico/
    Tivemos que organizar a estratégia de marketing e também o ponto do escritório, hoje com toda essa organização estamos tocando todos os processos sem dificuldade, bastando seguir uma metodologia e estratégia correta.
    Obrigado pelo post, tudo que o colega comentou deve ser levado em conta pelo empreendedor de sucesso.

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  2. Parabéns Dr Luis Chacon, como sempre suas dicas são ótimas e já tive o prazer de estudo pessoalmente. Muito bom!

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