COMO COMEÇAR A ADVOGAR?
Essa é uma pergunta que intriga muita gente nos últimos anos da faculdade de Direito ou até mesmo a partir do 6o ano, quando o aluno realmente reconhece que passar no Exame da OAB era somente o primeiro obstáculo dessa corrida gratificante que é a advocacia! Esse é um tema que tenho tratado em algumas subseções da OAB SP. Tratei sobre ele neste ano na Casa do Advogado de Cruzeiro SP. A última palestra, com a casa lotada, foi na Casa do Advogado de São José dos Campos (foto acima - estou do lado do Professor Fábio Cáceres, no canto direito, primeira carteira da primeira fileira).
Vou tentar, como de fato tenho feito, com uma postagem simples e direta, auxiliar você que está nessa situação ou estará nela no futuro. Certamente será útil até para aqueles que já estão advogando e pensam num reposicionamento. Planejamento é a palavra chave. O roteiro básico pode ser assim descrito:
1 - COM QUEM?
Os critérios que podem ajudar a definir os seus parceiros nesta empreitada são a afeição (necessária à constituição de sociedades formais ou informais), a experiência de cada um dos envolvidos e a complementação que, entre si, realizam.
A afeição pode ser vista sob o ponto de vista pessoal, de afinidade, relacionamentos familiares, amizades, parcerias que surgiram na faculdade. A experiência é também algo importante a considerar, pois combinar experiências distintas pode ser uma boa complementação, mas também pode distanciar demais os objetivos coletivos que se iniciam. Um advogado recém formado se reunir em sociedade com um advogado de muitos anos de carreira pode trazer alguma dificuldade em relação ao estilo de advogar e de pensar a advocacia, por exemplo, mas pode ser muito útil em relação a outros aspectos. Pondere isso também! Em terceiro lugar, e no meu ponto de vista, mais importante, a complementação! Seu sócio (formal ou não) deve complementá-lo, deve ter alguma habilidade que você não tem e vice versa. A soma das habilidades e conhecimentos técnicos deve realmente fortalecer o grupo. Alguém terá que ter o tino comercial, outro o financeiro, outro o domínio da técnica jurídica, etc. Pense nisso tudo antes de escolher com quem montar seu escritório!
2 - CRIAR UMA SOCIEDADE?
Alguns podem até pensar em começar sozinho, eu não aconselho, salvo exceções que assim justifiquem. A parceria reforça o início da carreira, e se estão todos começando a ajuda entre si será muito útil e salutar!
Mas, também não é preciso ir de cara abrindo uma sociedade de advogados inscrita na OAB! Vamos começar reduzindo custos, até por que no início essa regularidade não será obstáculo para o desenvolvimento do escritório.
Pense numa sociedade informal devidamente instrumentalizada, com um contrato assinado pelas partes, definindo com exatidão as regras básicas da relação que se inicia, os investimentos, a forma de participação nos resultados, nos honorários, a divisão de tarefas não jurídicas e de administração do escritório, etc. Quanto mais detalhado, menor a chance de conflitos futuros.
Se você ainda não encontrou alguém para a sociedade, se ainda não tem essa segurança e quer conhecer as pessoas, no começo, pense no compartilhamento de espaços (divisão de custos, mas cada um por si nos lucros e clientes)! Veja o que já escrevi sobre compartilhamento de espaços comuns: coworking.
3 - ONDE ABRIR MEU ESCRITÓRIO?
No começo da carreira a localização pode ser um fator importante para que o advogado se torne conhecido, esteja em local de fácil acesso e visibilidade do seu público alvo. Com o tempo certamente isso se tornará desnecessário, pois uma carteira de clientes ajudará a manter a rotatividade e a entrada de novos clientes.
Ao escolher o lugar pense: no custo (será o principal custo no início da carreira e é preciso provisionar algo, pelo menos começar com 3 aluguéis pagos), no público alvo (quem você pretende que vá ao seu escritório), na logística sua (fórum, xerox, ponto de ônibus, vaga de estacionamento), na logística do cliente (idem), na visibilidade que o local gera (pessoas devem passar por ali e ver que você já é advogado), nos vizinhos que podem contribuir para sua imagem, ou não, etc.
Logicamente que estas definições dependem de um bom planejamento estratégico do seu escritório. Veja dicas básicas que deixei aqui: planejando seu escritório de advocacia.
4 - EM QUE ÁREAS ATUAR?
No começo não vale tudo, acredite! É preciso ter um plano e começar a focar no plano desde o início! Lógico que, para pagar as contas, será necessária alguma flexibilidade, mas sem se desviar do perfil. E, também, considere, que os fatores externos podem mudar o rumo do seu planejamento, exigindo uma readequação que mudará seu futuro! Esteja planejado e preparado para mudar o plano!
Pense no seguinte: se formaram uma sociedade e cada um fizer algo diferente, juntos farão várias áreas! Essa diversidade de atuação dos colegas pode fortalecer o portfólio de serviços do escritório. Um faz previdenciário, o outro família e o terceiro a área criminal. São três públicos distintos que, sozinho, talvez você não atenderia (pelo menos não atenderia com qualidade técnica desejada a formar uma carteira de clientes satisfeita).
Pense em começar advogando para a Assistência Judiciária/ Convênio da Procuradoria do Estado, como acontece no Estado de São Paulo. Veja alguma razão nesse texto: Começar atendendo clientes da assistência judiciária gratuita é uma boa!
5 - MAIS IMPORTANTE!
Preocupe-se com a qualidade do serviço não jurídico que você presta. Atendimento do cliente, feedback e outras regras de ouro da prestação de serviços podem ser a chave do seu sucesso e um grande diferencial!
Já publiquei bastante sobre isso no BLOG, confira!
Só desejo uma coisa! Sucesso! Se possível, deixe seu testemunho aqui, compartilhe suas experiências positivas e vamos todos em frente!
2a Edição - PRÁTICA PROCESSUAL CIVIL - SARAIVA
Advocacia Hoje Luis Fernando Rabelo Chacon @LuisFRChacon